terça-feira, 20 de maio de 2008

Ele, NÓS.

____Ele não se conhece. Precisa repetir isso mil vezes em silêncio, senão não se convence. A busca pela verdadeira essência de se encaixar em um rótulo aceitável o transforma em escravo, e ao fim de tudo permanece consigo mesmo, ainda, sem respostas e cada vez mais transbordando de questionamentos.
____É preso a tudo o que criou e a situação acabou o tornando refém do que um dia ousou sonhar, após um porre qualquer. Invariavelmente, um abismo assustador o separa da sua real essência, e é só assim que ele sabe viver, na sombra de seu desespero. Não tem nome, não tem conseqüência nem continuação, se restringe a frases soltas sem nexo, um convexo de espelhos que reflete um esteriótipo moldado ao imperfeito. A mentira da aparência que é e o engodo do reflexo na areia líquida que almeja ser cada vez impõe a certeza da incerteza mútua de não ter a sofia da sua própria existência.
____Nada mais é do que pontos que se ligam em traços mal feitos, rugas de aspereza e esperança latente, definida. Não tem fé, fome nem sede. Mas tem cheiro. Cheiro de coisa nova, refeita, odor de última pincelada de tinta. Sua cor fresca parece polida mas descasca em camadas com o tempo e temperatura. Se encontra com 40 graus. Não de febre, de estagnação. E assim permanece até seu próximo rompante de sei-lá-o-quê.

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