terça-feira, 20 de maio de 2008

Coração de concreto.

____Sem saber o que fazer se vai prolongando espectativas, distorcendo fatos reais e realizando atos ilegais. Se vai ao longe dentro de um mesmo metro quadrado, se prende em um círculo vicioso e se foge do triângulo divino. Não se sai do ângulo de 90 graus, se tem febre, se compra gato por lebre, se acha que tudo vai passar. Parado no tempo a impressão do nada torna-se insuficiente. O cheiro do escuro inebria a mente, o calor do nada esquenta as idéias. Os pés formigam na saudade de correr, os pulmões aspiram a negritude do quarto e a dor percorre o teto, árido.
____O pensar cativa o errôneo, o espontâneo, a inquebrável certeza do palpitar do coração. As mãos se contraem como se quizessem agarrar o ar, prender o inerente e palpar o que não se pode ver e tanto se queria parar de sentir.
____Nas paredes vultos discretos do que não se encontra. Fria como ela só e minhas dúvidas, incertezas gélidas e pálidas pintadas por fora e por dentro concretas. Arquitetadas num cimento de indícios e liga de acidez, se contraem com o frio dos olhares e se espandem com o calor dos quereres. E se contraem e se espandem, como um coração de parede. Minha parede tem coração e meu coração é de concreto.

=]

Todos parecem tão felizes lá fora
E eu aqui, tormento (e me culpando)
Querendo sair de mim, correr embora
Em busca de um motivo por não estar chorando.

É difícil ser amado o tempo todo
Ainda mais quando se está sozinho
Ou, tão simplesmente, se queria estar.

Queria ouvir alguém gritar meu nome
Falar alguma coisa, me dar um sorriso
Dizer aos meus olhos que sou importante
Jurar que sentia saudades, com regojizo!!!

A dor da rejeição é a mais cruel
É sentir-se só, trancado, imóvel
Numa gaiola de aparências.

Se eu pudesse escolher estaria lá fora. Com a música.

BLéh.

SE JULGO ENCONTRÁ-LA DE PRONTO
ME ENGANO NUN DOCE FLAGELO
SABENDO QUE ALÉM DESSE PONTO
NÃO EI MAIS DE ESTAR TÃO SINGELO

BUSCANDO, FERINDO MEU EGO
CAINDO, ANSEIO QUE MARCAS
AS BRUMAS, DEIXANDO-ME CEGO
SEM FÉ, AGARRO-ME AS PARCAS

MEU SER, A MIM ME ACALENTA
POR MAIS QUE NÃO QUEIRA ESTE ATO
O MUNDO AO REDOR, COR MAGENTA
E EU, DESTA DOR, ESTOU FARTO.

Pensamentos

Pra quê tantos pensamentos?!?
Labirintos sem fim nem começo
Tempestades insólitas (sentimentos)
E uma razão que nem sequer eu conheço.

Fagulhas de um mundo duro
Asas de uma idéia adormecida
Mundo bruto que sobre ele perduro
Maluquices que em conjunto formam a vida!!!

Pra quê perder-me na lida?!?
Recompensando-me por feitos pequenos
Se eu sei, o que fica da vida
É justamente o que tens de sereno!!!

...

O tempo traz razão, melancolia
Passando passo a passo, ponto a ponto
E tudo isso que busco e não encontro
Perco no segundo que passou e me trazia.

Te queria aqui, ao meu redor
Poder te encontrar perto de mim
Não pedi para ser assim, tão frágil
Ríspida é essa louca confusão
Reconfortante dentro de sua própria solidão.

Talvez encontre um caminho, atalho
Que me remeta ao ponto de partida
Pois só recomeçando, abrindo parênteses
Viverei meus dias sem ausências.

Sentimentos me confundem, me desarrumam
e vão chegando assim, com pressa
Contudo, trazendo junto o nada
Resolvendo e embaralhando ainda mais as coisas.

Não adianta correr
Querer
Ser ou ter.

Pois nos prendendo está o destino.
Parto para o tudo ou nada, para ver se entendo
Isso tudo que me limita à tempos: A ausência de sentido.

Ele, NÓS.

____Ele não se conhece. Precisa repetir isso mil vezes em silêncio, senão não se convence. A busca pela verdadeira essência de se encaixar em um rótulo aceitável o transforma em escravo, e ao fim de tudo permanece consigo mesmo, ainda, sem respostas e cada vez mais transbordando de questionamentos.
____É preso a tudo o que criou e a situação acabou o tornando refém do que um dia ousou sonhar, após um porre qualquer. Invariavelmente, um abismo assustador o separa da sua real essência, e é só assim que ele sabe viver, na sombra de seu desespero. Não tem nome, não tem conseqüência nem continuação, se restringe a frases soltas sem nexo, um convexo de espelhos que reflete um esteriótipo moldado ao imperfeito. A mentira da aparência que é e o engodo do reflexo na areia líquida que almeja ser cada vez impõe a certeza da incerteza mútua de não ter a sofia da sua própria existência.
____Nada mais é do que pontos que se ligam em traços mal feitos, rugas de aspereza e esperança latente, definida. Não tem fé, fome nem sede. Mas tem cheiro. Cheiro de coisa nova, refeita, odor de última pincelada de tinta. Sua cor fresca parece polida mas descasca em camadas com o tempo e temperatura. Se encontra com 40 graus. Não de febre, de estagnação. E assim permanece até seu próximo rompante de sei-lá-o-quê.

Parafraseando dores

_____Já não era sem tempo. As lágrimas se metamorfosearam em sorrisos. Sorrisos, aqueles mesmos que estavam lá no fundo, soterrados, aguardando a hora certa de enfeitar o meu rosto. Decididamente esperavam ansiosos o momento certo de aparecerem onde outrora não abriam mão de estar, devido às alegrias dispostas e insistentes. E por um momento achei que eles não retornariam tão cedo, estava confuso, triste e sem cor.
_____Agora é o momento de mostrar e não mais ranger os dentes, é hora de lembrar com saudade e só permitir lágrimas de felicidade. Fortuna por ter vivido momentos intensos, realizações eternas e tudo o que se pode explicar como amor, aquele sentimento repleto de segredos, proteção e com leve aroma de alecrim. O mesmo vento que sopra no corpo e condena a falta da pele escancara uma presença nunca tida do espírito. É, com certeza, muito melhor amar por amizade do que se desgastar em algo sofrido. Não suprir as expectativas de outrem é suicídio. E não ser capaz de entender gestos, trejeitos e jeitos puramente aceitáveis, mas que a massa cinzenta do mínimo preconceito embutido não permite aceitar de maneira plena, é assassinato. E não quero matar o único trevo de quatro folhas que encontrei no caminho. Quero adubá-lo e vê-lo crescer frondoso, com a minha ausência.
_____Encontrei uma alma diferente, complexa, mas nem por isso menos nobre. A minha própria. Coisa que eu nem havia pensado que aconteceria. Me resumi no afastamento do que realmente tem importância em meio a um turbilhão de emoções mal feitas e sem contorno definido. Livrei-me do cárcere imposto pelo escândalo que é se auto aceitar. Me firmo no que é querido com paixão, derrapo nas palavras limosas que saem sem ter a mínima necessidade. Solto um grito de socorro e alegria, em Libras.
_____E depois de toda essa divagação asseguro que me alegro com o soltar de pipas e o empinar da vontade de ser feliz. Não vou me distanciar do que é concretamente importante pra mim, por mais que não possa sentir a respiração deste no meu corpo. No lugar disto posso sentir a minha, cada vez mais ritmada e profunda, cada vez mais certa do que se tornou marca no meu coração.
_____As pessoas não precisam ser necessariamente amantes para oferecerem carinho, atenção, respeito e amor verdadeiro. Na verdade, até melhor que não sejam, as coisas ficam bem mais lúcidas e as evidentes qualidades saltam aos olhos como nunca dantes. É extasiaste querer bem sem esperar recompensas. Uma forma inovadora de proteção, um carma que mantém no presente o que se viveu no passado e transforma tudo em saldo positivo para o futuro, o qual já está ai.
_____Mas e a vida, me encontro sozinho? Nunca. Não da forma abrangente que esta expressão tem, com o peso nefasto de não se ter nada. Tenho muita coisa, entre elas, a temida lucidez. Algo entre luz e acidez. Entre amor e amizade. Entre o tudo numa palavra só, de maneira diferente. Da mesma maneira contínua, desigual e eterna que foi e é esse querer bem sem precedentes.