quarta-feira, 30 de julho de 2008

Imagem

O barulho, o sussuro, o medo calado
Tudo me remete, ímpeto, à uma imagem
Discernimento não há, tudo é vago
E nisso termina e recomeça minha viagem.

A incansável busca, a cura
De tudo o que pode haver na fraqueza
Saúde, saciar, amor, franqueza
E o título nobre de ser um desvairado. (loucura)

Completar o álbum, contar os selos
Montar o quebra cabeça da imagem
Estar rodeado de mais singelos zelos
É tudo o que busca nossa temeridade.

Montar, desmontar-se e repetir
O ciclo, o ato inutilmente
Em busca do bem, da perfeição
da gente
E da essência que completa o competir.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Dores

_____Escrever sobre dores sempre foi mais fácil. Estas nós sentimos, no sentido mais abrangente e dolorido da palavra. Frágil e ágil, companheira infiel.
_____A partir do momento que a realidade se torna mais negra que o líquido de cafeína exposto em uma xícara barata ou mais densa que a fumaça de menta que sai de algum pulmão quimicamente transformado, é hora de se preocupar. Uma xícara de pesar por dia é a medida certa. Mais do que isso, o ministério da saúde adverte. Pesa.
_____Diverte-se quem diz que nunca sofreu. Ou sofre em si por isso, quebrando seu ciclo de inocência inicial. É temeridade parcial, é pássaro que voa contra a migração. A agonia é algo lindo, e feliz de quem pode desfrutar desta e não se tornar dependente químico do prazer de não ser a todo o momento feliz. Pois só se conhece o auge quem um dia esteve perdido. Só é alegre quem um dia tenha sofrido. De pés descalços, pisando sobre o sal, e não sobre a areia.

sábado, 26 de julho de 2008

Prevenir (n)a vida??

_____Só eu. Sozinho. Companhia que mais desejo e que mais raramente disfruto. É preciso que ás vezes eu apague a luz para tentar me encontrar. No espelho já cansei de procurar em vão.
_____Tenho muitas perguntas que jamais farei e certezas que jamais admitirei, por mais que tente. E, na verdade, minha vontade de tentar nem é tão grande assim. Cada dia que passo minha coleção de vírgulas aumenta, e minha sede por pontos finais se agrava. Quando um destes surge, desesperado logo se triplica e torna-se reticências, voltando ao estado de incompleto inicial. Bem ao estilo de hibernação. Atrás de conclusões idealizadas (já que não as tenho dou um toque lírico) vou construindo meu caminho, passa a passo, ponto a ponto. E chego ao ponto de desejar angústias, só para aumentar minha emoção e ter algo pra acrescentar em meu diário, ao fim do dia, quando as verdades insistirem em sair sem ninguém para admirar e se espantar com elas.
_____A vontade de melhorar sempre está presente, é claro. O que diferencia os momentos é a intensidade com que ela surge, a carga de emoção que descarrega e a paciência que proporciona. _____Sim, porque erguer-se da queda e espanejar a terra que gruda na roupa requer muita resignação. E no meu caso em especial, já que minha bicicleta da vida não tem mais rodinhas, e acho até que nunca as teve. É duro sentir impulso e inércia ao mesmo tempo. É uma anulação horrenda.
_____Mas é assim mesmo, o que posso EU fazer contra minhas próprias vontades e caprichos? Minha vida é feita de desejos passageiros e ambições motoristas. Respiro vontades e transpiro preguiça, num ciclo que me deixa sem ar. Ensaio benfeitorias, honras que estão ao meu alcance. Depois tento realizá-las para me sentir mais útil ao mundo, mas o improviso insiste em ser o astro principal de meu teatro. E de certo modo não faz sentido decorar textos prévios se a vida não pode ser ensaiada, revista, editada. Ao erro só cabe o remédio, prevenção neste caso é burrice.

E se...?

E se faço o meio fio como palco, como divã ou como
sanatório... Que tens a ver com isso? Deixe minhas loucuras ao ar livre. Deixe
os sons da cidade como espectadores vis. A eles dou o direito de crítica. O
acaso é o maior companheiro do meu coração. Muitas vezes minhas palavras passam a soar balbúcios, e então ai dou conta de que chegou a hora de calar a boca e dar voz
aos sentimentos. Sentir os sentimentos. Sentir a boca (calada) e os
sentimentos. Eu, de minha parte, respiro aliviado. Contemplei os equívocos do
momento pela janela do discernimento. Isso é tempo demais para uma peça de
teatro. Não sou figurante, coadjuvante nem simples andante. Sou o meu próprio
espetáculo. Sou a minha gargalhada histérica de nervosismo e equívoco perene.Sou
burro de um modo espontâneo, o que me faz ser menos tolo. Vou orando meus
enigmas, vou seguindo os intuitos, vou quebrando ainda mais a cara. Da forma
mais barata que encontrar. E quem incitou que tenho que cumprir algum compromisso com a verdade? Me comprometo a não cumprir, cumprimento com entusiasmo a liberdade de ter ido. Minhas asas não são podadas, meu sentido de direção é casto. Sempre saberei voltar para mim mesmo.

Certo. Tudo está certo.

Certo. Tudo está certo.

Deixe que o olho condene. Deixe que o alívio perene.
Deixe-me sentir de perto. Tudo e tanto que se tem para sentir.

Não busque debaixo da cama respostas mais concretas que os monstros. Inóculos. Não somos mais do que idealizações cogitadas pela nossa própria falta de vergonha.
Sabe aquela brasa fulgaz, que tece a luz e o calor entre os quereres? Pois bem, não é mais do que um espasmo de nossos corpos dilatados pela vontade. Nós dois estamos além dos prantos, em meio a construídos caprichos. Entre tanto tempo, entretanto perdidos e fugindo apreensivos da ameaçadora pressa. Por mais atraídos que sejamos, sempre somos traídos pela vontade de ficar um pouco mais, por entre os carinhos que se perde a maturidade que verdadeiramente nunca conquistamos. Tu és um desejo, num tempo que cura qualquer entreabrir de bocas sem beijo.

Deixe que o olho condene. Deixe que o alívio perene.
Deixe-me sentir de perto. Tudo e tanto que se tem para sentir.

O tempo...

Na idade do segundo que passou e nos levava, embalados no encanto de toda uma redoma de abraços solitários e escondidos. O sempre parece não ter sido nunca presente, o depois se torna pesado demais se for para encarar sozinho, no leme. A direção da bússola não entrega norte-sul, só o estremo oeste do teu peito pulsante. É nele que encontro meus tesouros perdidos e meus desejos achados, meus implantes de cólera num mero instante passado. Meus sorrisos de agradecimento em tuas costas de prazeres, num tempo que cura qualquer dilatar de pupila às lágrimas. (O nosso tempo).

Certo. Tudo está certo.

Faça com que o beijo Dure mais do que um punhado de tentativas de felicidade. Seja mais áspero que um carinho do infortúnio.Somos um grão de sal em doce caseiro. Mas, contudo, somos certos ao preferir amar diferente do que simplesmente não poder amar.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sou aquele que ainda acredita nas palavras. Na força gasta dos verbos, em cada interjeição apontada, na maioria dos adjetivos. Não me acanho em não saber medir tempo verbal nem conjugar verbos de erro, prever um futuro a partir de um presente mais que perfeito. Por mais que este seja utópico demais para uma vã filosofia de meia vida.

De nada interessa se a pressa insistir em estragar os bons momentos. Aliás, pouca coisa prende minha atenção, assim escolhi ser. Não sou presa da rapidez. Não estou preso na mesmície. Preso os momentos curtos. Curto o que não tem preço.
E o meu peito lateja pois "lá tá" a santa ignorância. A preguiça do pecado, que não é definitivo. Não, definitivamente.

Sei do incômodo e da razão do fato de nada ter a fazer além do que tenho feito. Não vou voltar para mudar nada, tudo foi digno de um sorriso de canto de boca. O certo e o errado me escolheram para ser o árbitro de suas desavenças. E assim tem sido, e assim vai ser sempre.

Parecer bobo pra me safar das agruras é meu maior trunfo. Assim me camuflo bem, visto que a maioria dos que me cercam tem a tolice como profissão. Eu não sei tirar a temperatura da fonte dos acontecimentos. Não vou desistir do que dá errado, nisso sim está meu aprendizado.
Procedo bem quando é para dar cabo a todo e qualquer bom procedimento. Deixa que de mim eu entendo. Deixa eu não entender as coisas. Foi esta a condição à qual me tornei amante.