domingo, 26 de julho de 2009

Quimera


"São tantas escolhas Vertentes tão óbvias (Órfãs) Que me deixo enfrentar. No íngrime eu vou Seleto e confuso Com medo de errar. Me ponho em trabalho De tanto cançasso Deságuo a chorar. E no contexto (Convexo) Vudu de quimeras Refén de esperas Eu sigo a rezar".

Noite

Gosto de baunilha
Cheiro de grama cortada
Barulho de mar
(E mórbida)

A noite de agora
parece infinita
Linda.
(E quieta a cantar)

Os trejetos sinalizam luzes
Remetem a algo
Que eu não sei explicar
(E pálidas)

A vontade de tudo
Que dissipo no nada
Está a transbordar.
(Tão gélidas)

Borrões de mirra
Insensos de incestos
Carícias, perícias
E o med0 de estar.

Tão sólidas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Perdido

O descame de pele aos ácaros
O reclame de fé aos bárbaros
Nem tudo faz sentido (nem deveria).

Sentado aqui, brincando com o sentir
Sentido, sentindo o mais e maior desejo
O próprio, o vão, o lento e o esguio
Aquele que se perde no final de um fraquejo.

Latejo, o corpo nem sequer se diferencia
Do solo e do céu, um embaixo e outro em cima
E no meio, entre terra e nuvens pesadas
O Eu, aquilo que é (in) certezas passadas.

Sabendo que mata, que cura e que salva
Mesmo assim fujo da luz que tens lido
Um momento, um cálice, uma mente muy alva
E no eu, de novo, constante e perdido.

Tempo pro meu teu (prometeu)


Procura-me com ânsia de encontrar
Seja pele, carne, instinto
Que no meu tempo vago
Eu hei de te mostrar, inato
Uma inquietude ímpar
A sensibilidade do tesão
O calor do amor
E tudo mais que mereceres suportar.

Somos um par de reis
Dois às de paus
Um truco, um tranco
Uma fortaleza de abraços e de pesar.

Longe de sermos moldes feitos
De alma, de viver e de pensar
Ao contrário, somos fortes, somos fonte
De uma nova maneira de amar.

E a indagar se somos loucos
Eu respondo:
- Isso faz alguma diferença?
Se na minha loucura, e na tua, somos poucos
Completos
Quem pode sobre isso dar sentença?

Eu sou a favor das expressões!
Minha mão impressa na tua
Ao preço de fugir das impressões
Nossa vaidade, estampada na calçada
Calcada
Em uma linda maneira de viver
E de levar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Barco a esmo

Sobre as ripas da ponte
Sobre os adros do barco
Na estreita distância do leme
Finco minha bandeira de paz.

Na rota da carta de navegante, adiante, me perco na trilha.
O céu, o sol e o mar unidos. Numa vertente de sons e adornos, salgados.
A brisa acaricia o rosto
E os sonhos que diante virão.

A ida se destroi com a mesma lentidão que os pés, de dintância, não de sustentação. Se curva sobre as ondas marcantes, semblantes que hei de esquecer desde então.
Não voltarei, mesmo assim, ao cais.
A emoção de partir sustenta a inquietude do medo de naufragar.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Poema enganado


E se as palavras se enganassem?


Se ao invés de emitir interjeições, viessem fábulas?

Se em detrimento de ensaiar condições, transbordassem fatos?

Creio que tudo seria mais cômodo.


Os poemas às vezes erram. Não transmitem o que o sujeito da ação (pensamento) pretendia semear. Fomento de contradições formicidas, trituradas, cuspidas e escarradas. Erro crasso do querer de mais se fazer entender, de menosprezar o quanto o outro está disposto a aceitar. E até onde se está alerta e ciente para viajar com palavras jogadas ao vento, e figuras de linguagem rebuscadas.


Poema é uma locução sem volta aparente. O eco, neste caso, não existe. Convincente, faz pensar por alguns instantes no que já estava dormente nas ideias, confiantemente perdido entre as indecisões. Se ultrapassar a barreira do momentâneo, já é lucro. O lucro de fazer parecer o que nem sempre é.


A vitória é levar o corção aos prantos, sem a mente nem sequer desconfiar.