domingo, 3 de agosto de 2008

Inércia estanque

_____Impossível não se sentir pequeno aqui. Sibéria individual.
_____O inverno chega ao coração, além de congelar as orelhas e forçar um casaco de lã, lânguido. Sistema de devoção.
_____Tudo o que foi concluído durante uma pseudo vida ainda é pouco comparado a 5 segundos de fúria sentimental. Poucas vezes eles se responsabilizam e desfiguram tanto meu rosto. Agora, não mais têm força pra isso. Silenciosamente, o corpo ainda sofre o que o consciente já não precisa mais suportar. Estou forte, estamos atentos. Morte súbita da esperada covardia. Refluxo de júbilo. Tudo vira poeticamente admirável, quem diria.
_____Literato. Complexo. Engrenagem movimentadora de loucuras, esta é a súmula da realidade. Resumo de retóricas que engasgam e não são ditas, melhoras que brotam e não são sentidas. Sentidos que destoam e confundem, setas apontando para todos os lados, mais de uma saída. Fechadura com mais de um segredo, novela com mais de um enredo. Alavancas que atravancam o caminhar, ao invés de levantar. Verbos que remetem a estagnação, ao invés de movimentar. Novelos de lã que enforcam ao preço de esquentar. E contudo o todo, e todos, na sua estante. Com seus olhares tão langues, insistindo na quebra de uma inércia que não tem sentido de estar.